De mãos dadas com o caminho

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Nosso caminho. Nossa jornada. Em sua grande parte estamos acompanhados, mas algumas vezes é e precisa ser solitário.

São nesses momentos que vivenciamos momentos incríveis que nos fazem refletir e buscar o melhor de nós mesmos.

É engraçado como algo comum se torna significativamente relevante após uma simples atitude.

Algumas semanas antes de viajar para Portugal e iniciar meu caminho, havia postado uma imagem com dizeres mais ou menos assim:

Dar as mãos é uma coisa tão íntima né. Impressiona como o beijo ou sexo a gente faz com qualquer pessoa, mas andar de mãos dadas é definitivamente só com uma pessoa especial.

Não conhecemos a dimensão do que significa segurar a mão de alguém. Apenas imaginamos.

Um dos motivos pelos quais me ajudaram a decidir viajar para locais onde a maioria das pessoas não quer ir, locais que costumo chamar de incomuns, está no fato de eu mesmo querer viver e vivenciar esses locais em sua plenitude. Sem visões e leituras de terceiros. É como se alguém me dissesse pra não comer algo porque é ruim. Sim, pode até ser que eu ache realmente ruim, mas se eu ainda não provei, não posso afirmar que seja ruim. Ruim pra quem? Bom pra quem?

Assim é com minhas viagens. Leio livros, blogs, relatos e conheço muitos lugares, mas coma visão de outras pessoas. O problema, ou solução, é que eu quero vivenciar ao meu jeito e modo.

A leitura, TV, são excelentes meios para nos fazer viajar, mas ainda não transmitem algo que para mim é muito importante. O Sentir.

Comer não é simplesmente botar na boca e engolir. É sentir o aroma, os sabores, as texturas. Viajar é a mesma coisa. É vivenciar, sentir a energia do local, sentir os aromas, os sabores, as texturas, poder conhecer as pessoas, as histórias, os anseios e principalmente sentir a nós mesmos como parte integrante desse local e do universo.

Foi em um desses locais, que tive a oportunidade de sentir o poder que dar as mãos a alguém representa de fato.

Eu tinha tido uma manhã tensa. Vinha em meu caminho pensativo. Cabisbaixo.  Vinha caminhando pelo acostamento da rodovia quando percebo pouco à frente um casal. Casal normal, não fosse um detalhe. Suas mãos. Elas estavam juntas. Unidas.

Imediatamente me lembrei do post que mencionei acima. Essa cena me trouxe algumas lembranças recentes da minha vida e que me fizeram esquecer do que havia ocorrido na manhã deste dia.

De tudo o que senti naquele momento, posso descrever com as seguintes palavras:

Dar as mãos simboliza carinho.

Dar as mãos é ter o prazer de poder sentir o outro e vice-versa.

Dar as mãos é ligar diretamente corações.

Dar as mãos é ter mente e alma em plena conexão conosco e com o universo.

E … Caminhar de mãos dadas é escancarar ao mundo um EU TE AMO tão intenso que ultrapassa qualquer limite conhecido entre corpo e alma.

Naquele primeiro momento não consegui parar pra conversar com esse casal, mas felizmente dois dias depois os encontrei novamente e ai sim, os conheci, conversei e pude dizer o que eles me fizeram sentir dois dias atrás.

Lição de tudo isso?

Em qualquer caminho. Em qualquer jornada. Se prestares atenção, conseguirá ver que no mais simples gesto ou imagem, há sempre escondido um pouco da magia e felicidade. Aquilo que diariamente buscamos fora e percebemos que está o tempo todo dentro de nós mesmos. Basta estarmos dispostos e estendermos a mão.

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A esse casal desejo muitas felicidades, muita energia positiva, que tenham uma jornada repleta de conquistas e que estejam sempre juntos em harmonia, lado a lado, de mãos dadas. Eles deixaram um grande sentimento de gratidão por mostrarem através de um simples gesto a confirmação daquilo que já sabemos, mas que precisa ser lembrado todos os dias.

Beijo ou sexo a gente pode fazer com qualquer pessoa, mas andar de mãos dadas é, DEFINITIVAMENTE, com aquela que é realmente especial.

Be Inspired!

Abraços

Edwagney Luz

“Não sei… se a vida é curta ou longa demais para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.” Cora Coralina

Era pra ser apenas uma viagem …

Meu fascínio pelo desconhecido dessa vez me trouxe outro grande aprendizado. Talvez o maior deles até aqui. O de que precisamos apenas e simplesmente estarmos dispostos e de coração aberto para que a vida nos surpreenda.

20161112_205343Confesso que durante meu planejamento e preparação, procurei não pensar muito em como seria a viagem em si. Um dos exercícios básicos de controle da ansiedade é pensar no presente e o presente, eram o planejamento e a preparação.

Sinceramente eu imaginava fazer ideia do que encontraria pela frente. Mas nossa imaginação tem uma grande tendência a nos proteger e em não nos dizer a verdade. Talvez seja uma forma inconsciente dela nos ajudar a controlar o medo do desconhecido.

O desconhecido sempre me fascinou. Sempre me gerou curiosidade. Foi isso inclusive que me fez, em 2006, parar de esperar o momento certo para começar a viajar. Parar de esperar encontrar alguém para compartilhar das minhas as viagens. Até então feitas somente dentro da minha cabeça.

Descobri então que não precisamos aguardar alguém para realizarmos nossos sonhos. Basta acreditar e ir busca-lo. Apenas isso. Que ele vai se realizar.

Pode não ser da forma como idealizamos. Mas se acreditamos, ele se realiza.

No momento certo. Na hora certa. E com as pessoas certas.

Pessoas escolhidas a dedo para estarem ao seu lado nesse exato momento. Sorrindo. Chorando. Caminhando. Correndo. Sofrendo. Admirando. Compartilhando lado a lado com você todos os sentimentos e emoções.

É nesse momento que percebemos que aquilo que idealizamos, pode e será algo muito maior e mais gratificante do que havíamos imaginado.

Cada peça se encaixa. É como em um quebra-cabeças. Histórias que se cruzam formando conexões tão bem estruturadas que parece ter saído de um roteiro pré-concebido.

Estava escrito. Era pra ser. Daquele jeito. Com aquelas pessoas.

Se você acredita nisso ou não, pouco importa. Nunca saberemos ao certo se esta escrito mesmo ou não. Afinal, o legal da vida é justamente a dúvida da surpresa!

Podem não haver outros momentos juntos. Podemos nunca mais nos encontrarmos. Mas dentro do coração existe aquele sentimento de que valeu muito a pena viver tudo isso. Com essas pessoas.

Meu fascínio pelo desconhecido dessa vez me trouxe outro grande aprendizado. Talvez o maior deles até aqui. O de que precisamos apenas e simplesmente estarmos dispostos e de coração aberto para que a vida nos surpreenda. Somente estando com esse estado de espírito, é que conseguiremos perceber todos os presentes que a vida nos apresenta diariamente em forma de momentos e pessoas. Pessoas que fazem esses momentos únicos.

Talvez tenha sido essa a mensagem subliminar que tentaram nos passar no “Briefing” antes de iniciarmos a expedição, quando disseram que ela muda a vida das pessoas. E que o local pra onde iríamos mudaria nossas vidas.

Percebi que não é o local que tem o poder de mudar a vida das pessoas. As próprias pessoas tem esse poder. O local, apenas te dá a oportunidade de conhecer esse poder. Seu uso, é facultativo!

Monte Roraima – Circuito Mágico Macunaíma. Nome sugestivo para um passeio incrível e repleto de emoção, companheirismo e magia.

Edwagney Luz

(*) Texto dedicado aos amigos que participaram dessa expedição. Cada um de vocês, sem exceção, fizeram e ainda fazem a diferença em minha vida!

Meu muito obrigado!!!

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(*)Monte Roraima Outubro/2016